Estudo, trabalho e imigração


Quer saber como o estudo pode lhe ajudar a entrar no mercado canadense e a imigrar para o país?

Então confira no vídeo abaixo a entrevista que o diretor educacional da 3RA, Francisco Zarro, e a consultora de imigração da Immi Canada, Celina Hui, realizaram com dois clientes que mesmo ainda sendo estudantes no Canadá, já conseguiram empregos em suas áreas de atuação.

Perfil dos convidados:

Daniel Bueno: Daniel tem 35 anos, chegou em Vancouver há um ano e dois meses com a esposa, Manuela Ematne, e atualmente estuda Computer Systems na BCIT. Ele está emprego na Simon Fraser University como analista de TI. “Eu vim para estudar, então meu work permit é de 20 horas semanais”.

Segundo Francisco Zarro, o caso de Daniel é atípico. “Normalmente tentamos deixar o profissional da tecnologia fora da faculdade para conseguir trabalho, pois a área é muito muito boa e a faculdade limita o aluno a trabalhar apenas 20 horas na semana, tornando a busca por um trabalho na área mais difícil. Porém, o Daniel tinha muita experiência, mas não tinha formação. Então decidimos que seria melhor ele estudar”, destacou.

Danilo Sales: Danilo tem 22 anos e chegou em Vancouver há 10 meses. “Eu fiz um intercâmbio para Vancouver há cinco anos e me apaixonei. Porém, eu tinha apenas 17 anos e precisei voltar ao Brasil. Fiz minha faculdade de aviação civil e continuei trabalhando na área para juntar dinheiro e embarcar de vez”, contou. Atualmente, ele estuda Business Management na Douglas College. “Estudo e trabalho ao mesmo tempo na Harbour Air, uma empresa de aviação aqui de Vancouver”

1) Como foi a busca por um emprego na área no Canadá?

Daniel: “Cosegui o emprego através de uma professora da BCIT que me indicou para a vaga.

A dificuldade, a principal barreira, está em você conseguir chegar nas empresas, pois você não tem experiência em nenhuma empresa no Canadá, e isso eles valorizam muito. Eu me dedico muito à faculdade e um dia uma de minhas professoras postou uma vaga no Linkedin e eu pedi a ela para me indicar. Por eu ter ido muito bem no curso, ela me indicou e a empresa me chamou para a entrevista. Fiz o processo seletivo todo e fui contratado”, contou.

Danilo: “No meu caso, me inscrevi em Fevereiro para o emprego na Harbour Air e eles não me chamaram. Eu já tinha perdido as esperanças, mas dois meses depois eles enviaram e-mail me chamando para as vagas de verão, que eram temporárias. Fiz a entrevista – que demorou uma hora – e eles me pediram referências daqui e do Brasil. Eles contataram as referências do Brasil e eu fui contratado. Agora em agosto me passaram para regular, então passei a ter uns benefícios e comecei a trabalhar part-time, pois no verão estava trabalhando full-time por conta do summer break”, disse.

2)  Para vocês, quais as principais diferenças entre a busca de trabalho no Brasil e no Canadá?

Daniel: “O que eu percebi quando cheguei aqui é que existe muita diferença cultural e também na forma de fazer as coisas. Desde a maneira como você monta seu currículo, até o jeito como você responde as perguntas da entrevista. Por exemplo, aqui você tem que ser muito específico, principalmente quando vai falar de projetos. Eles sempre querem saber quais resultados você alcançou, o que aquele projeto fez pela empresa que você trabalhava, etc. Por isso, é sempre bom se informar, participar de seminários…Assim você já chega mais preparado”, destacou.

Danilo: “Aqui você tem que ir muito atrás de todas as informações possíveis, nunca ficar parado. O ideal é ir em feiras de emprego, procurar em sites como linkedin e indeed, olhar grupos de facebook, participar de workshops…”

3) Como era o nível de inglês de vocês ao chegar aqui?

Daniel: “Eu já cheguei aqui com o inglês consolidado. Fiz o IELTS no Brasil e fiquei com uma nota muito boa. Mas uma dica muito legal para quem não tem muito inglês é vir para cá e fazer programas como Pathway, por exemplo”.

Danilo: “Meu inglês também já era avançado, eu fiz o TOEFL para entrar no College, mas com certeza meu inglês melhorou muito aqui também”.

4) Qual é o custo de vida de vocês? Conseguem se sustentar ou ainda precisam usar dinheiro que está no Brasil?

Danilo: “Eu vim sozinho, então divido apartamento com mais outros dois estudantes que conheci aqui. No meu caso, o custo está em torno de 900 dólares mensais. Mas isso com certeza varia, depende muito do estilo de vida que você tem. Com o que eu ganho aqui eu consigo me manter, mas não dá para pagar o College. Para isso eu preciso da ajuda dos meus pais. Mas no primeiro semestre optei por focar mais nos estudos do que no trabalho, porque o College é muito puxado. Então eu trabalhava bem menos. Agora já trabalho as 20 horas. Está mais puxado, mas estou conseguindo levar”, falou.

Daniel: “Nós já viemos mais no esquema de família. Minha mulher quis morar em Downtown, porque não queríamos ter carro e também gostaríamos de morar em um lugar com movimento para não nos sentirmos sozinhos. Então nós temos um gasto muito maior. Nós pagamos 1900 dólares de aluguel, por exemplo. Mas se morássemos em outro lugar, poderíamos estar pagando pelo mesmo espaço 1100 dólares. Nós conseguimos parar de trazer dinheiro do Brasil para cá quando eu comecei a trabalhar. Agora a gente paga todo o nosso custo com nossos salários e quase dá para pagar o College. Nós vendemos carro, moto, coisas pessoais…Vendemos tudo e ainda temos um apartamento no Rio de Janeiro que ficou alugado. Mas no começo é bom lembrar que você sempre vai gastar muito dinheiro, mais do que você espera”.

5) Qual o custo anual do College?

Daniel: Cerca de CAD$ 10 mil por ano.

Danilo: Cerca de CAD$ 18 mil por ano.

6) Como foi lidar com a ansiedade e continuar no Brasil sabendo que estaria no Canadá dentro de alguns meses?

Danilo: “Eu mantive sempre os pés no chão, porque sabia que precisava juntar dinheiro. Então eu esperei tudo acontecer direitinho em relação ao visto e tudo mais. Mas a cabeça, com certeza, já estava aqui.”

Daniel: “Eu decidi que viria para o Canadá no final de 2014, então eu comecei a enxugar os gastos e também contei com um bônus que receberia da empresa em fevereiro de 2015. Eu fiz as contas todas direitinho e antes de vir, eu e minha esposa procuramos manter a viagem em segredo e contamos para o mínimo de pessoas possível. Isso porque mesmo que você se planeje, pode acontecer algum imprevisto. Então tem que ficar bem pé no chão e continuar trabalhando como você sempre trabalhou”, destacou.

7) Quanto de dinheiro preciso ter para realizar o “Projeto Canadá”?

Celina: “Muita gente pergunta o quanto é necessário trazer e o quanto é necessário provar para a imigração. Desde outubro de 2015, algumas mudanças aconteceram em relação a aplicação de vistos e também a comprovação financeira. Sabemos que atualmente a tabela que a imigração coloca no site, que pede 10 mil para o aplicante principal, 4 mil para o segundo e 3 mil para cada filho, infelizmente está furada hoje em dia. A indicação que eu faco para os meus clientes solteiros são 15 mil para a sua estadia no primeiro ano mais o dinheiro do primeiro ano da faculdade. Já para quem é casado eu diria mil dólares por mês por pessoa, ou seja, mínimo de 24 mil para um casal e também o valor do primeiro ano do College.

8) Como o College está ajudando no processo de imigração dos dois?

Celina: Pelo perfil do Daniel e do Danilo, eles ainda precisam trabalhar em cima de alguns fatores, pois ainda não tem o necessário para um perfil no Express Entry. Com o College, se torna mais fácil trabalhar isso. Por exemplo, se você só tem uma graduação no Brasil, uma segunda graduação aqui vai te fazer pontuar melhor. A experiência de trabalho aqui também conta muito e, além disso, o inglês também vai melhorar. Estando aqui, eles também tem chances de encontrar um empregador para ajudá-los com um LMIA ou em algum processo provincial. Então, tudo que eles estão fazendo aqui vai agregar valor ao processo de imigração deles. Lembrando que estão sendo esperadas algumas mudanças em novembro e que podem beneficiar ainda mais quem estuda no Canadá.

Daniel: “Eu não podia ser o aplicante principal do Express Entry porque até o momento não tenho formação. Então minha esposa é a aplicante principal. Enquanto eu estudo, ela está trabalhando e ao final de um ano irá ganhar 50 pontos. Porém, agora estou nesse emprego e tenho conversado com a Celina sobre a possibilidade de eu ser o principal. Temos, por exemplo, a opção do programa provincial de BC, que valoriza mais quem tem um certificado aqui”.

Danilo: “Eu ainda nao tenho experiencia o suficiente, então quero aplicar para o PGWP para ganhar essa experiência de trabalho”, falou.

Celina: “Com a formatura, o Danilo terá mais uma graduação, o que vai aumentar a pontuação dele. O inglês também vai acabar melhorando. Além disso, ele tem até três anos de visto de trabalho após a conclusão do College e ele trabalhando um ano em um dos NOCs vai aumentar mais 50 pontos na pontuação dele. Ele ainda, por estar fazendo Douglas College, uma instituição pública reconhecida pelo governo canadense, pode aplicar pelo International Graduate do BC PNP. Ele só vai precisar de uma oferta da empresa mostrando que ele terá um plano de carreira, ou seja, que ele vai chegar no nível x com um salário específico”, explicou.

Atualização: Desde o dia 19 de Novembro de 2016, estudantes estrangeiros que tiverem uma credencial de programas pós-secundários realizados no Canadá ganham mais pontos no Express Entry. Saiba mais sobre o assunto no seguinte link: Pontuação no Express Entry para estudantes internacionais.

9) O que é preciso fazer para se matricular em um College?

Francisco: “Aqui no Canada nao existe vestibular. Você provavelmente vai precisar mostrar o seu diploma, histórico do segundo grau e/ou histórico da faculdade. Isso varia muito de acordo com o programa e com a instituição. Mas uma coisa certa que você vai precisar é a comprovação de inglês. Neste caso, temos as opções tradicionais como IELTS e TOEFL ou o programa Pathway. Para quem nem sabe, algumas faculdades têm convênios com escolas de inglês ou elas mesmas oferecem esse programa para você melhorar o seu inglês. Você só precisa atingir o nível exigido pela faculdade”

10) Dicas dos convidados:

Daniel: “E bom ter em mente que você não vai chegar aqui e arrumar um emprego logo na sua área. Se você era gerente no Brasil, não espere ser gerente aqui. Você tem que estar preparado para dar uns passos para trás. Tem que estar preparado também para as dificuldades que você vai ter ao procurar por um emprego. Você vai precisar se mexer, falar com as pessoas, participar de meetups e feiras de emprego”.

Danilo: “Concordo com o Daniel. Aqui você tem que descer um degrau para recomeçar. Eu estava ciente disso. Comecei trabalhando como caixa no Estádio aqui de Vancouver, trabalhei em um fast food mexicano e em uma warehouse e só depois comecei na Harbour Air. Mas você não pode desistir. As coisas nunca vem de mão beijada, você tem que ir atrás. Mas é possível, só não desistir”, finalizou.

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